06 abril, 2006

Capitalismo Natural Vs. Capitalismo Industrial

Com a revolução industrial e o surgimento do capitalismo, a degradação ambiental que já era evidente transformou-se num grande negócio. Explorar gratuitamente uma natureza que até então se considerava inesgotável sempre foi lucrativo e muitas vezes louvável. O que não era esperado é que a grande fonte de matéria prima chegasse a exaustão em menos de um século, exigindo dos seus exploradores uma compensação imediata sob a pena dos mesmos promoverem sua própria derrocada em função da escassez de recursos naturais.

Durante algumas décadas, muitos cientistas patrocinados principalmente por países altamente industrializados insistiram na possibilidade de se criar em laboratório as condições necessárias para a continuidade da vida, como se fosse possível tornar-se independente da natureza. Porém, já foi comprovado que isto não é possível.

Para que exista actividade económica são necessários dois importantes ingredientes: seres humanos e recursos naturais. É por este motivo que o Capitalismo Industrial desafia sua própria lógica, pois destrói sua maior fonte de capital. Essa fonte é o capital natural, que fornece "serviços de ecossistemas", como ciclos de alimentação, estabilidade climática, composição atmosférica e produtividade biológica.

Os sistemas industriais retiram da natureza um capital natural de altíssima qualidade e devolvem resíduos contaminantes ou poluentes. Se mantivermos os actuais padrões de uso e degradação da natureza e as mesmas tecnologias de produção, pouco restará dos nossos recursos. Os sistemas vivos estão a perder a capacidade de sustentar a continuidade do processo de vida.

Foi desta forma que físico nuclear e analista ambiental Amory Lovins, P. Hawken e L. H. Lovins criaram a base para a Nova Revolução Industrial: o Capitalismo Natural. Baseado na capacidade do homem de produzir mais e poluir menos, usando tecnologia e conhecimentos já existentes, oferece subsídios para que as empresas possam duplicar a produtividade utilizando apenas a metade dos recursos naturais.

A teoria subjacente ao Capitalismo ambiental procura demonstrar que os negócios e os interesses ambientais se complementam, para satisfazer melhor as necessidades dos clientes, aumentando lucros e, ao mesmo tempo, ajudando a resolver os próprios problemas ambientais.

Adaptado de um artigo de Olimpio Araujo Junior - Livraria Ecoterra

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Veja também:

Nuclear power: economics and climate-protection potential (pdf em Inglês) - Armory Lovins fala neste artigo das consequências, para o ambiente e economia, de um subsidiamento da energia nuclear, face à tendência actual para o crescimento do mercado das energias renováveis descentralizadas.

Four Steps to Self-Reliance The story behind Rocky Mountain Institute's Economic Renewal Project

Climate: Making Sense and Making Money