07 fevereiro, 2004

What a fine day...for Science!

Fui assaltado na semana passada pelo título de uma notícia que me deixou bastante intrigado: "Cientistas franceses revoltam-se na rua". Ao ver a foto que acompanhava o artigo (publicado no já por aqui habitual PÚBLICO) pensei: uma manifestação de cientistas? Com faixas, cartazes, cânticos a condizer e tudo? Muito bem!

A notícia dava conta que «milhares de cientistas, professores, engenheiros e estudantes se tinham manifestado no dia 29 de Janeiro em Paris, contra um programa governamental que dizem provocar a pauperização da investigação científica e uma fuga de cérebros para os EUA.»

«Uma petição lançada pelo colectivo "Salvar a Ciência" para denunciar a "asfixia financeira" da ciência já recolheu 31 mil assinaturas no mundo científico. Entre os assinantes, mais de metade dos directores de unidades de investigação e de laboratórios ameaçam demitir-se se o Governo não recuar - o que provocaria uma situação de caos na ciência, em França, e seria um golpe fatal para o futuro desenvolvimento do país.»

Será que os cientistas portugueses, face a um Governo tão padrasto para a Ciência (se bem que face ao anúncio do novo investimento para a Ciência, esta ideia esteja um pouco apaziguada - devia ter escrito este artigo aqui há pouco tempo atrás, bolas!), prosseguindo, será que os nossos cientistas e investigadores tinham coragem para agir da mesma forma? Eu gostaria de pensar que sim, já chegou a altura do Governo assumir (e não perceber, porque eles já percebem) a importância que a Ciência tem para o desenvolvimento de uma Nação. É absolutamente crucial!

Outro aspecto que achei interessante foi este: «Cada ano, milhares de cientistas franceses emigram para os EUA, onde são acolhidos de braços abertos, com salários quatro vezes mais elevados, e sobretudo condições de trabalho e orçamentos de funcionamento sem qualquer comparação com os praticados em França.» Imaginem se fizermos a comparação com Portugal!!

Mais: «Há actualmente 400 mil cientistas europeus a trabalhar nos EUA, enquanto o défice calculado de cientistas na União Europeia é de 700 mil investigadores.». Ridículo na minha opinião, numa Europa que quer constituir uma força de equilíbrio face aos EUA.

Moral da história: face ao tratamento que o Governo português dá à Ciência, cabe também aos cientistas lutar para que se criem as condições necessárias para um desenvolvimento sustentado da Ciência em Portugal (e de forma indirecta na Europa). Basta de vermos os nossos melhores valores nacionais contribuirem para o PIB de outros países! Esta é uma de muitas formas de lutar contra a crise instaurada.

Fonte: PÚBLICO de 30 de Janeiro