"Um relatório das Nações Unidas sobre o estado dos centros urbanos revela que o continente africano, cuja população ainda é maioritariamente rural, está a viver um conturbado e acelerado processo de urbanização.
A taxa de crescimento dos países do sul do Sara (4,58%) é a mais alta do mundo. O documento - divulgado hoje em Londres - prevê que se se mantiverem as tendências actuais, em 2030 haverá mais pessoas a viver nas cidades africanas do que no conjunto da Europa, sobretudo na África subsariana, onde 72% da população urbana já mora em barracas. Já a Ásia, concentrará metade da população urbana mundial.
Elaborado pelo programa Habitat, o relatório prevê que em 2007, pela primeira vez na história, a população urbana mundial supere a rural. Actualmente, 3.170 milhões de pessoas vivem nas cidades, de um total de 6.450 milhões. Um sexto da população mundial vive em bairros-de-lata. Para 2030, estima-se que a proporção de população urbana seja ainda maior, 5.000 milhões de um total de 8.100. Sendo certo que a partir de 2015 a população rural começará a decrescer.
A ONU aponta para os riscos desta abrupta urbanização: os moradores de bairros-de-lata passam mais fome, têm menos educação, menos chances de conseguir emprego no sector formal e sofrem mais com doenças do que o resto da população das cidades.
Segundo a ONU, o fenómeno urbano deste século serão as megacidades, densamente povoadas com mais de 10 milhões de habitantes. Haverá, também, as metacidades, caracterizadas por um crescimento descontrolado de mais de 20 milhões de habitantes. Prevê-se que em 2020 centros urbanos como Bombaim, Nova Deli, México, São Paulo, Nova Iorque, Dacar, Jacarta e Lagos vão receber esta classificação.
Os relatores advertem que, se não forem tomadas medidas para inverter a crescente urbanização, as barracas ameaçam converter-se no tipo predominante de habitação no século XXI, sobretudo na África subsariana e Ásia Meridional."
Fonte : Expresso online