31 dezembro, 2005

Qual foi o acontecimento do ano?


Como já vem sendo tradição n’ Os Ambientalistas, chegado o final do ano, lançamos um repto aos nossos leitores: Qual foi, em termos ambientais, o acontecimento do ano?
Deixem aqui as vossas opiniões e fica a promessa de, no final do ano, fazermos um post dedicado ao tema mais votado.
Saudações ambientalistas

27 dezembro, 2005

ETAR alimentada por eólica reduz emissões de CO2 em 96 %

A cidade de Kakegawa (Japão central) e a Japan Sewage Works Agency venceram os 14º Water Treatment System Awards na categoria de uso eficiente de sistemas de águas residuais, um prémio anual atribuído pelo Ministério do Terreno, Infraestruturas e Transportes japonês.

Esta vitória foi anunciada já no final de Agosto deste ano, tendo o ministério valorizado bastante a redução dos impactes ambientais e os custos de manutenção da estação de tratamento daquela cidade, através da introdução de um sistema eólico de geração energética.

Quando foram planeadas as melhorias à estação de purificação de Osuga, a cidade de Kakegawa e a Japan Sewage Works Agency decidiram introduzir um sistema de energia eólica, uma vez que a estação localiza-se em frente ao mar de Enshu, onde fortes ventos sopram todo o ano. Esta opção foi seleccionada após uma análise dos ventos e uma avaliação de impacte ambiental terem apontado que as instalações cumpriam os critérios para a introdução da eólica, e tornou-se o primeiro projecto dessa natureza a ser financiado pelo Ministério.

Assim, a maioria da electricidade consumida na ETAR pode ser obtida pela força do vento, reduzindo as emissões de dióxido de carbono (CO2) em cerca de 96 % comparando com a electricidade convencionalmente comercializada. Além dos benefícios de combate ao aquecimento global, espera-se uma poupança energética com redução significativa dos custos de operação.

A cidade de Kakegawa estabeleceu o seu próprio Plano de Acção para o Aquecimento Global em Março de 2001, sendo este projecto um exemplo dos vários esforços que têm sido dispendidos.

Fonte: Japan for Sustainability

23 dezembro, 2005

Utilização sustentável dos recursos naturais


A Comissão Europeia propôs, no dia 21 de Dezembro, uma nova abordagem que visa uma utilização mais sustentável dos recursos naturais.

O objectivo é reduzir os impactos ambientais associados à utilização dos recursos na Europa e à escala mundial, numa economia em crescimento: as alterações climáticas como consequência da utilização dos combustíveis fósseis e uma sobreexploração da água potável, dos solos e de certas unidades populacionais de peixe.

Trata-se de uma das sete estratégias «temáticas» previstas no âmbito do sexto programa comunitário de acção em matéria de ambiente (2002-2012) e intimamente associada à estratégia temática em matéria de resíduos, que foi igualmente adoptada no mesmo dia.

Segundo a estratégia aprovada, os seus objectivos são os seguintes:

* Mais valor – criar mais valor com menos recursos (aumentar a produtividade dos recursos);

* Menos impacto – reduzir o impacto ambiental global dos recursos utilizados (aumento da ecoeficiência);

* Melhores alternativas – se não for possível uma utilização mais ecológica, substituição dos recursos utilizados actualmente por alternativas melhores.

De acordo com a Comissão, estes objectivos devem ser alcançados durante todo o ciclo de vida de utilização dos recursos, evitando que os impactos ambientais sejam transferidos de uma fase para outra ou de um país para outro. Uma vez que os resíduos constituem a fase final do ciclo de vida dos recursos, a estratégia relativa aos recursos produzirá informações importantes para a estratégia temática relativa à prevenção e reciclagem de resíduos, apoiando-a na redução de resíduos.

A estratégia propõe uma série de medidas específicas, para um horizonte de 25 anos, que incluem:

* Um centro de dados, gerido pela Comissão Europeia, que reúna todos os conhecimentos disponíveis sobre recursos naturais e informe os decisores;

* Um painel internacional, a criar em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), que formule pareceres científicos independentes sobre os aspectos mundiais da utilização dos recursos;

* Definição de medidas e programas nacionais pelos Estados-Membros, sob a orientação de um fórum de alto nível composto por representantes da Comissão, dos Estados-Membros e de outras partes interessadas;

* Análise dos impactos ambientais da utilização de recursos nos planos de acção do sector económico que a Comissão tenciona desenvolver no contexto da sua estratégia de crescimento e emprego;

* Desenvolvimento, até 2008, de indicadores que permitam monitorizar e analisar periodicamente os progressos realizados para alcançar o objectivo da estratégia.

As cinco restantes estratégias temáticas que a Comissão está a desenvolver abrangem a poluição atmosférica (apresentada em 21 de Setembro de 2005) e o ambiente marinho (24 de Outubro de 2005), bem como os solos, os pesticidas e o ambiente urbano.

O texto integral da estratégia

22 dezembro, 2005

Barragem do Baixo Sabor

O Instituto de Conservação da Natureza (ICN) deu parecer negativo à barragem no Baixo Sabor e o mesmo defendeu o actual ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, quando em Junho de 2004 era deputado na oposição.

Em Outubro a Comissão Europeia decidiu abrir um processo de infracção contra a decisão do governo português de autorizar o projecto de construção da barragem do Baixo Sabor.

Essa decisão foi comunicada ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, em carta de 12 de Outubro da autoria do comissário europeu do Ambiente, Stavros Dimas.

Bruxelas concluía que Lisboa, ao autorizar um projecto de barragem que implica "efeitos (ambientais) negativos significativos (), mau grado a existência de soluções alternativas (), faltou às obrigações que lhe incumbem".

Na carta, de que a Agência Lusa obteve uma cópia, o executivo comunitário deu dois meses, a partir daquela data, para o Governo português explicar as razões que levaram à aprovação do projecto.

Em resposta a esta carta, o Governo português contestou o processo de infracção interposto pela Comissão Europeia argumentando que o projecto tem um interesse estratégico vital e cumpre a legislação.

A Direcção-Geral de Geologia e Energia deu hoje "luz verde" para que a EDP possa construir duas novas barragens em Portugal, na Foz do Tua e no Baixo Sabor.

Fonte: Agência Lusa


Mais Informação:

Plataforma Sabor Livre

20 dezembro, 2005

A morte do artista

O título deste post pode parecer algo desadequado, mas o facto é que o lince ibérico (Lynx pardinus) assumiu nos últimos anos um papel de destaque (quase artístico) no domínio da conservação da natureza, pela sua classificação de "carnívoro mais ameaçado da Europa e o felídeo mais ameaçado do mundo"!.



Em Portugal os especialistas falam já da não ocorrência de linces ibéricos, sendo que actualmente pensa-se que só ocorra em territórios espanhóis, apesar de surgir ainda listado nas transposições da Directiva Habitats como espécie prioritária.

Acontece que recentemente foi atropelado mais um lince-ibérico na auto-estrada em direcção a Huelva. Na notícia avançada pelo PÚBLICO, são referidos cerca de uma centena de linces como restantes no ambiente natural. Podem ser 150 ou, nas estimativas mais optimistas, quase 200, se se contarem as crias.

Os actuais locais de ocorrência, avançados pelo biólogo Nicolas Guzman (coordenador da Estratégia Nacional para a Conservação do Lince Ibérico em Espanha), são Andujar, na serra Morena, a norte de Sevilha, onde persiste a maior população, com cerca de 60 linces (apenas 20 fêmeas reprodutoras), e no Parque Nacional de Doñana, com pouco mais de 30 exemplares (6 a 8 fêmeas reprodutoras).

Infelizmente, este é o 11º lince vítima de atropelamento até à data, do total estimado de cerca de 100 linces existentes à face da Terra.

Nesta página da Naturlink podem encontrar informações detalhadas sobre o Lynx pardinus

Por falar em transportes...

Um dos temas na ordem do dia é sem dúvida o dos transportes, se atentarem inclusive ao post anterior. Em relação a este importante sector, um movimento de lisboetas propôs na passada semana a adopção pela Carris de um sistema de distribuição das carreiras em malha. Nesse sistema determinados autocarros circulam em linhas de latitude e outros em linhas de longitude, ou seja, para o utente se deslocar de um ponto para outro, efectua no máximo um transbordo. Este esquema de circulação, anunciado pelo Fórum Cidadania Lisboa, permitiria esperar por um autocarro três vezes menos tempo do que actualmente.

A dimensão dos veículos seria também ajustada a este modelo, sendo que os transportes de maior capacidade circulariam nos eixos mais importantes, e nas vias intermédias seriam utilizados veículos mais pequenos destinados a servir utentes dentro de bairros e transportá-los até à "malha" principal.

Fonte: PÚBLICO

19 dezembro, 2005

Seminário “Serviços de Interesse Geral e Política Ambiental

Realizou-se no passado dia 15 de Dezembro, na sala 2 da CULTURGEST, um seminário organizado pela APOCEEP (Associação Portuguesa do Centro Europeu das Empresas com Participação Pública e/ou de Interesse Económico Geral) subordinado ao tema “Serviços de Interesse Geral e Política Ambiental”.

O seminário dividiu-se em 3 painéis, um dedicado a “Energia e Ambiente”, o segundo denominado “Transporte e Ambiente”, e o último “Água e Ambiente”. A sessão de abertura contou com a presença do Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, o Prof. Doutor Francisco Nunes Correia que elegeu a Água como principal tema da sua intervenção, uma vez que é o único Serviço de Interesse Geral (relativamente a energia e transportes) que o seu Ministério tutela por inteiro.

Na sua intervenção o Ministro apontou como 3 principais problemas na gestão da água:
“Capilaridade” – o facto de os sistemas em baixa sofrerem de um grande atraso (10 – 20 % do que já deveria estar feito) face ao que já se conseguiu para os sistemas em alta. Como forma de solucionar esse problema, Nunes Correia apontou a estruturação regional dos sistemas em baixa.
“Cobrabilidade” – as questões dos pagamentos, os fluxos financeiros não estão a correr bem, o que inviabiliza a sustentabilidade financeira do sector.
“Equidade” – o facto de se imputar à tarifa coloca uma questão: por exemplo, custa mais levar água de qualidade a Bragança do que a Lisboa. Uma possível solução pode passar pela criação de um fundo nacional (ou seja, no exemplo referido, o utilizador em Lisboa paga um pouco mais do que devia para contribuir para esse fundo nacional de forma a assegurar a equidade regional de preços).

Nesta intervenção o Ministro anunciou ainda que relativamente à transposição da Directiva – Quadro da Água, os documentos legais relativos ao regime económico e financeiro (taxa de recursos hídricos) e aos títulos de utilização de recursos hídricos encontram-se em estado adiantado de elaboração.

Foi também anunciado que relativamente ao Plano Estratégico de Abastecimento e de Saneamento de Águas Residuais (PEASAR), que termina em 2006, foi feito um ponto da situação por um grupo de trabalho que deverá apresentar até final deste ano o PEASAR II.

O objectivo do Painel 1 – Energia e ambiente foi discutir o cumprimento dos compromissos de Kyoto em Portugal, no horizonte 2005-2007 e no pós 2007, bem como a contribuição das energias renováveis. Foi apresentado pelo Eng. Neves de Carvalho (EDP) o importante contributo do sector energético português na redução das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), ficando também como ponto positivo o desenvolvimento de esforços para actuar sobre a procura energética em vez de focar apenas a oferta, prática importante mas pouco efectivada até à data nos diversos sectores.

O Painel 2 – Transporte e Ambiente dedicou-se à mobilidade sustentável, onde se pôde tomar conhecimento dos contributos da CP, da REFER e da Carris nesse domínio. Dessas intervenções destacou-se um cálculo interessante que a Dra. Maria João Calado Lopes (CP) apresentou, precisamente um balanço ambiental: com o número de clientes transportados pela CP em 2004 obtiveram-se 84,5 milhões de euros em ganhos ambientais. Relativamente à Carris foi anunciada a renovação da frota com veículos que obedecem às mais modernas normas europeias (EURO 4).

Da parte da tarde, o Painel 3 – Água e ambiente, dividiu-se em duas partes. A primeira, subordinada ao tema “Que modelo de gestão para o sector da água e saneamento”, prometia alguma discussão acesa, bastando olhar aos debates das eleições presidenciais, em que a polémica da privatização do sector da água está na ordem do dia. E de facto as intervenções não foram apenas expositivas, acabando por ter também uma componente ideológica.

Foi possível então assistir a posições distintas, a primeira pertencente ao Eng. Pedro Serra (Água de Portugal, SGPS, SA), mais defensora da privatização, com o argumento de que um serviço público pode ser prestado por uma entidade privada; a segunda do Eng. Nuno Vitorino (Associação Água Pública) que apresentou a posição da associação que representa e que, como o nome indica, vê a água como um direito de todos e não puramente como um bem económico, defendendo por isso uma forte regulação / responsabilidade estatal do sector. Por último, o Eng. João Bau apresentou como “contraponto às soluções de cartilha neoliberal” uma nova dinâmica assente no reconhecimento do “direito à água”, condição necessária à garantia do direito à vida, como sendo uma responsabilidade colectiva (e portanto apoiando-se na gestão pública).

Na segunda parte deste painel, focou-se a Directiva – Quadro da Água nomeadamente as suas consequências em termos da participação pública como aspecto inovador no novo regime jurídico da água, bem como a sua relação com a Directiva 2004/35/CE (Responsabilidade por danos ambientais).

Quioto II nasce em Montreal

Emissões de gases de efeito de estufa no mundoA próxima fase do protocolo de Quioto, que obrigará ao reforço dos compromissos de redução de emissões após 2012, foi recentemente aprovada na Conferência da ONU para as Alterações Climáticas, que decorreu em Montreal (Canadá).

A luz verde a esta proposta fez nascer "Quioto II", como começa a ser conhecido, e foi dada pelo plenário dos países aderentes ao protocolo.

As negociações decorreram a dois níveis: por um lado com os Estados Unidos, para que Washington aderisse à proposta de decisão sobre o «diálogo para uma acção de cooperação no longo prazo no combate as alterações climáticas», o que veio a acontecer (embora inicialmente existissem reticências por parte da Casa Branca), e, por outro, entre delegações dos países que ratificaram o protocolo para aprovar a proposta que dá arranque ao processo para a próxima fase de Quioto.

A Rússia foi o principal país a levantar objecções, impondo alterações de última hora que obrigaram a intensas conversações.

O texto relativo à cooperação internacional, que foi elaborado com muita cautela pelos negociadores, é muito genérico, determinando um compromisso de «diálogo» que abrange, assim, a totalidade dos 180 países signatários da Convenção Quadro da ONU para as alterações climáticas.

Foi aprovado o quadro regulamentar do Protocolo de Quioto (conhecido pelo "manual de regras") referente aos Acordos de Maraquexe.

Para além disso, foram feitos ajustamentos no regime do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, previsto pelo Protocolo, assim como nas áreas-chave do plano de adaptação e da transferência de tecnologia.

Foram também assumidos compromissos de redução para o período pós-2012, ano em que expira o actual Protocolo de Quioto e alargar a base de cooperação internacional para o combate às alterações climáticas (procurou-se a aproximação da Casa Branca ao Protocolo de Quioto que a administração Bush recusou ratificar, em Março de 2001).

Adaptado de: PortugalDiário

14 dezembro, 2005

CP Valour

Sobre a situação do «CP Valour» encalhado na ilha do Faial - Açores, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores tem uma excelente página dedicada a esta pré-catástrofe ambiental. A página inclui simulações da dispersão do combustível libertado pelo navio e informações várias recolhidas desde o dia em que encalhou (10 de Dezembro).

06 dezembro, 2005

A Floresta e o Litoral: conferências sobre ambiente e território

Parque Natural da ArrábidaVai-se realizar no próximo 17 de Dezembro, das 11 às 19h, na Biblioteca-Museu República e Resistência (Espaço Cidade Universitária), o colóquio "A Floresta e o Litoral", enquadrado nas Conferências sobre Ambiente e Território.

Esta conversa surge justificada pela seguinte constatação:

"...nas últimas décadas, o forte crescimento das actividades humanas desenvolveu-se em paralelo com um processo, extensivo e intensivo, de ocupação do território, que teve como consequências o desequilíbrio, a fragilização e mesmo a destruição irreversível de alguns sectores daquele. Pretende-se que as conferências se debrucem sobre este processo, das origens à sua insustentabilidade, sobre as consequências ambientais e humanas, bem como sobre propostas de alternativas."

O colóquio vai contar com a presença de vários especialistas nas áreas de Ambiente, Ordenamento do Território, Gestão Costeira, Gestão Florestal, Ciências Sociais e em outras áreas relevantes para o estudo e resolução dos problemas identificados.

05 dezembro, 2005

Primeiras demolições arrancam entre 20 e 25 no Sotavento Algarvio

As primeiras demolições na zona do Sotavento algarvio vão arrancar na semana entre 20 e 25 de Dezembro, apurou o jornal Água&Ambiente junto do Ministério do Ambiente. Depois do titular da pasta, Francisco Nunes Correia, ter adiantado ao jornal que a medida arrancaria no dia 13 deste mês, houve uma mudança de planos devido à apresentação do projecto para o TGV – comboio de alta velocidade - que se perspectiva para essa data.

Em entrevista ao Água&Ambiente, o ministro adianta que aquela situação «está a ser definida em conjunto com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e o Parque Natural da Ria Formosa. Estas demolições impõem-se, são urgentes mas servem também para mostrar que estamos a falar a sério quando falamos de demolições. De tal maneira que vamos criar uma equipa de missão para coordenar este tipo de missões dada a sua complexidade técnica e jurídica».

O ordenamento do território é de resto uma das prioridades do Governo «para 2006 e nos anos seguintes e será seguramente para o próximo ciclo de fundos comunitários. Há um grupo de trabalho coordenado pelo Professor Veloso Gomes, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que nos deverá entregar as linhas mestras da estratégia até ao final do ano. Entretanto temos em vista em 2006 fazer já intervenções prioritárias. Apesar de vivermos um período de grande contenção financeira está prevista no Orçamento de Estado para 2006 uma verba da ordem dos 33 milhões de euros para intervenções prioritárias no litoral», frisa o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional.

Fazendo um balanço muito positivo do Programa Polis, no próximo Quadro Comunitário de Apoio é intenção do Executivo «expandir esta experiência na convicção de que as cidades e a sua valorização são uma componente essencial da competitividade do País e da qualidade de vida dos cidadãos». Nesse sentido o Governo socialista pensa ter, no próximo ciclo de fundos comunitários entre 2007 e 2013, uma nova versão do Polis alargada e aprofundada. Nunes Correia lembra ainda que encontrou o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) «numa situação muito crítica», mas que, neste momento, o trabalho realizado está à beira de ir a Conselho de Ministros numa versão para discussão pública, discussão esta que deverá acontecer em Fevereiro ou Março de 2006.

Se, por exemplo, a questão das demolições não é um tema pacífico, o mesmo acontece com a co-incineração. Neste domínio, «em finais de 2006 [esta] poderá ser uma realidade», adianta o responsável, que frisa que não há outra solução «porque os Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (Cirver) não podem tecnicamente tratar 100 por cento dos RIP [resíduos industriais perigosos]». E acrescenta: «O que recusamos é a atitude irresponsável de co-incinerá-los no estrangeiros ou exportá-los para aterros».

Quanto aos CIRVER, foi concluído o concurso público lançado pelo governo anterior, sendo que os dois consórcios seleccionados – Ecodeal e SISAV - estão a elaborar os projectos e, em breve, entrarão na fase do estudo de impacte ambiental. Tudo aponta, segundo Nunes Correia, para que estas unidades «estejam tecnicamente em condições de funcionar em 2007».

fonte - AmbienteOnline

04 dezembro, 2005

Que cidades são estas? *

Cidades«O encontro fortuito com o "outro" é a pedra de toque da cidade democrática (1). A apropriação tecnocrática do meio urbano através de um pandemónio de sinalética, progressiva fragmentação pelas infra-estruturas rodoviárias e ocupação selvática pelo automóvel, põe em causa o pouco espaço cívico que nos resta. Uma das formas mais simples de medir a saúde de uma democracia numa sociedade é através da dimensão dos seus passeios.

A qualidade dos espaços de encontro em sítio público permite a verdadeira interacção entre gerações, classes sociais e comunidades. Sem eles o cidadão isola-se, deixa de se sentir parte da “coisa pública” e deixa de participar em “causas comuns” (2). Sem eles a cidade torna-se mais pobre e a democracia vítima de arbitrariedades que gradualmente dirigem o espaço público para o uso da máquina e não das pessoas. È a morte do “Homem Público” demonstrada todas as eleições pelo aumento da abstenção e a progressiva, mas inexorável erosão da esfera pública, empurrando-nos para a ética do “salve-se quem puder”. Nos subúrbios da área metropolitana em que quase todas as viagens são realizadas em automóvel e o peão mal consegue atravessar as ruas, é difícil conseguir que os condóminos desçam dos seus andares para participar nas poucas reuniões que ainda se realizam.

Segundo o famoso estudo realizado por Appelyard (3) nas ruas de São Francisco, o número de interacções sociais numa rua está directamente relacionado pelo número dos automóveis que por lá passam. Dizendo de outra forma, a nossa solidão aumenta com o número de automóveis à nossa porta. Os peões são os “glóbulos vermelhos” da cidade, caso deixem de percorrer e irrigar uma rua ela entra em dificuldades, degradando-se, tornando-se insegura, gangrenando e finalmente morrendo. Sem peões a rua perde o seu carácter simbólico de “partilha” - um território que os cidadãos sentem que lhe pertence e têm orgulho e responsabilidades. Sem peões os residentes tendem a tratar menos da rua, das suas árvores e flores. A velocidade dos automóveis afugenta os peões, sem peões a velocidade dos automóveis aumenta. A rua sem “olhos” torna-se insegura, prosseguindo assim o seu círculo de morte: quanto menos peões há, menos peões haverá.»

(1) Richard Sennett, The Conscience of the Eye - The Design and Social Life of Cities, Alfred A. Knopf, New York, 1991.
(2) Jürgen Habermas, The Structural Transformation of the Public Sphere, MIT Press, Cambridge, MA, 1991.
(3) Appleyard, D. Liveable Streets. Berkeley: Univ. of California Press, 1981.


* Um excerto do trabalho "Os peões, os passeios e as “causas comuns”" de Mário J. Alves - mariojalves(arroba)gmail.com

A mobilidade e as crianças *

«Temos construído as nossas cidades a pensar mais no automóvel que nas crianças. As crianças não têm a possibilidade de ter carta de condução. Esta verdade evidente parece esquecida no desenho das nossas cidades. Como dizia Enrique Peñalosa num discurso ao Banco Mundial, vivemos numa sociedade que sabe perfeitamente qual é o melhor ambiente para um gorila ou uma baleia mas tem dificuldades em construir um melhor ambiente para criar uma criança feliz.

A autonomia e a possibilidade que uma criança tem de explorar o mundo que a rodeia são elementos fundamentais para o seu desenvolvimento físico e psíquico. Com o compreensível desejo de as proteger, estamos a criar uma geração inteira que se movimenta de garagem em garagem – a já chamada “back-seat generation”. Do seu banco traseiro e ávida de “aprender o mundo” a criança conhece melhor as marcas dos automóveis que os nomes das árvores. Saltar muros, roubar fruta, tocar às campainhas e fugir são todas as actividades que se perderam nas últimas décadas. No entanto, se perguntarmos a uma classe de crianças de que forma gostariam mais de vir para a escola a resposta é sempre de bicicleta ou a pé. Nos últimos anos as crianças estão em risco de crescer isoladas do mundo e dos amigos. A protecção dos pais é compreensível: Portugal tem recordes verdadeiramente trágicos de mortes na estrada para qualquer grupo etário, mas são principalmente os mais jovens que são vítimas dos condutores.

A tragédia é tanto maior porque as estatísticas demonstram que quanto mais protegermos as crianças na sua exposição à cidade e ao tráfego, sem a gradual experiência e aprendizagem do perigo, mais probabilidades elas têm de morrerem durante a adolescência.»

* Um excerto do trabalho "Os peões, os passeios e as “causas comuns”" de Mário J. Alves - mariojalves(arroba)gmail.com

01 dezembro, 2005

Alterações da ocupação do solo em Portugal Continental 1985-2000

Capa do LivroEsta é uma Publicação do Instituto do Ambiente do trabalho “alterações da ocupação do solo em Portugal continental 1985-2000”, baseado no Corine Land Cover e elaborado por Mário Caetano, Hugo Carrão e Marco Paínho.

Pela primeira vez no nosso País, através de imagens de satélite, foram desenvolvidas duas cartografias com as mesmas características, que mostram, caracterizam e permitem comparar o perfil geográfico de Portugal continental em dois momentos: 1985 e 2000.

O Estudo debruça-se sobre as alterações da ocupação do solo em Portugal continental entre aqueles dois momentos, e foi fruto do esforço e dedicação do Professor Mário Caetano e do Doutorando Hugo Carrão, do Laboratório de Investigação de Detecção Remota do IGP, com a prestimosa colaboração do Professor Marco Paínho, do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa.

“Este estudo é para ser lido por quem olha com interesse a paisagem do seu País. Aqui, vai descobrir um chamativo romance a cores, em que a cartografia são retratos, as legendas são histórias, o entrecho essa dinâmica de ocupação que durante 15 anos altera o impacte de políticas – ou a sua ausência.”

Fonte: IGP


Consulte também:

Projecto Corine Land Cover 2000 (pdf)