“Os Verdes'' portugueses lançam a partir de hoje, em conjunto com o Grupo Verde no Parlamento Europeu e com todos os partidos Verdes da União Europeia, a campanha “Em acção pela segurança alimentar''. Esta campanha visa alertar e sensibilizar os cidadãos, os produtores e as entidades fiscalizadoras para a segurança e qualidade alimentar e tornar públicas as reivindicações e compromissos dos Verdes nesta matéria.
Um conjunto de iniciativas vai ser realizado em várias cidades e distritos do país alertando para os efeitos da produção em série e o recurso aos pesticidas, vai dizer não aos OGM, defender o bem-estar animal, a preservação da diversidade agrícola de cada região, apoiar a agricultura biológica e defender um comércio justo, como bases fundamentais de uma política alimentar que se quer baseada em 3’S: Segura, Saborosa e Saudável.
A crise das vacas loucas e dos frangos com dioxinas que abalou a Europa veio dar razão aos Verdes, aos movimentos de pequenos agricultores e camponeses, assim como a muitos cientistas, que há muito vinham a pôr em causa a qualidade dos produtos alimentares resultantes de uma produção agrícola e de uma criação animal sempre mais intensiva e mais industrializada e a alertar para as consequências que poderiam daí advir para a saúde pública e para o ambiente.
Há longos anos que a crescente utilização de pesticidas e outros fitofármacos na agricultura e a utilização de hormonas para crescimento animal, eram objecto de contestação e denúncia por parte dos ecologistas e de algumas organizações de agricultores. Mais recentemente, a introdução de OGM (Organismos Geneticamente Modificados) na agricultura, tem sido outro motivo de confronto entre os que, como “Os Verdes'', defendem que perante as incertezas deve prevalecer o princípio da precaução e os que dão sempre primazia aos cifrões.
As preocupações dos Verdes em relação à segurança alimentar e à qualidade da alimentação, tem vindo a crescer à medida que crescem as pressões das multinacionais do sector agro-químico sobre os agricultores e se intensifica a liberalização e a globalização dos mercados agrícolas. Hoje em dia, não são as regras da natureza (características dos solos, clima, estações do ano, etc), nem as tradições locais, que determinam as produções agrícolas, mas sim as regras da OMC (Org. Mundial do Comércio) e da PAC (Política Agrícola Comum), nas quais a indústria agro-alimentar e as grandes multinacionais ditam a Lei. O principal objectivo visado é a obtenção dos maiores lucros possíveis, mesmo que isto constitua uma ameaça para: a sobrevivência da agricultura familiar; a saúde dos consumidores e dos agricultores; a delapidação do ambiente e dos recursos naturais ou a destruição das já débeis economias dos países em desenvolvimento com o consequente aumento da pobreza.
E se é verdade que os cidadãos desconfiam cada vez mais do que têm no prato, a sua escolha não deixa, no entanto, de estar muito condicionada pela própria oferta do mercado alimentar, pela escassez de informação, pelo preço dos produtos e pelas operações de marketing que valorizam a imagem do produto em detrimento da sua qualidade real. Também não deixa de ser verdade que a acção e a pressão dos cidadãos pode contribuir decisivamente para alterar esta situação.
Lisboa, 29 de Março de 2004
Fonte: Os Verdes