23 setembro, 2005

Dia europeu sem carros

Celebrou-se ontem mais um dia europeu sem carros, uma iniciativa que pretende alertar para os problemas urbanos resultantes dos transportes (poluição atmosférica e ruído essencialmente), nomeadamente do uso de viatura própria em detrimento dos transportes públicos.

A realidade é que ao ver o telejornal da manhã, assisti a uma cidade de Lisboa completamente entupida com os habituais engarrafamentos e a única iniciativa visível pertenceu à associação QUERCUS, que realizou medições de ruído e poluição atmosférica (estas últimas com resultados preocupantes).

Na cidade de Faro também não se assistiu a uma diminuição significativa do habitual trânsito automóvel (cada vez mais intenso).

Na minha opinião, a implementação desta iniciativa falhou em vários pontos. No início optou-se por fechar o acesso a determinadas vias de trânsito para as disponibilizar a outras formas de veículos como as bicicletas. Má escolha: quem precisava mesmo de utilizar essas vias ficou irritado com a decisão e muita gente foi para essas vias andar de patins ou disfrutar de belos passeios, ou seja, não se alterou a forma como as pessoas se deslocam na sua vida rotineira, apenas se criou um dia de excepção em que quem trabalhava ficava iritado, e quem não trabalhava ou tirou esse dia andava a passear nas vias afectadas.

Isto levou a uma descredibilização da iniciativa e a um sentimento de não identificação para com ela. Resultado disso: este ano as iniciativas foram ainda mais incipientes, sendo a única medida notável a gratuitidade dos transportes públicos.

Só isso não chega, esta é uma questão que deve ser encarada com seriedade e devidamente planeada. Deveriam ter sido criados horários suplementares de transportes públicos e os cidadãos deveriam ter sido informados previamente (previamente não é um dia ou dois antes) desses mesmos horários e de quais as alternativas ao seu dispôr. Isto porque o cidadão comum, com a sua vida rotineira, precisa de se preparar para fugir à sua rotina.

Não esperem que o cidadão investigue qual será a melhor alternativa pois ele não o fará se não sentir que foi feito um esforço para o informar. Culpa do cidadão? Sem dúvida. Culpa das autoridades? Concerteza, quando em muitos casos nem sequer existem essas alternativas ao transporte particular.

Qual é a vossa opinião sobre este assunto?


Mais informação sobre esta iniciativa aqui.

Leituras complementares:
Dia Europeu Sem Carros: Quercus propõe 10 medidas
Dia sem Carros: Quercus decepcionada com fraca participação

Documento-chave:
Agenda Local 21 - Guía práctica para la elaboración de Planes Municipales de Movilidad Sostenible (requer registo)