No discurso de Telles, que embora acrescente sempre algo de novo, com projecção nacional e de interesse público, existe um conjunto de ideias que se repetem constantemente ao longo dos colóquios e seminários em que participa, como foi o caso do recente workshop "Estruturação Ecológica dos Centros Urbanos" integrado na 4ª UrbaVerde realizada entre os dias 1 e 3 de Fevereiro, a que tive o previlégio de assistir. O discuso repete-se porque é urgente que se faça ouvir.
Os argumentos do arquitecto paisagista são fortes, vivos de ideias, difíceis de contrapôr por serem tão claros e evidentes. São os argumentos de alguém que não se conforma com o estado a que as coisas chegaram e exige mudança. Ele realça o óbvio, que teimamos a não querer constatar. Talvez seja porque é mais fácil ignorar os problemas que tentar resolvê-los... Uma coisa é certa: muito temos a aprender com as suas palavras.
Deixo-vos com um excerto da entrevista que deu em 2002, que podia perfeitamente ter ocorrido hoje, uma vez que os problemas abordados são igualmente pertinentes e as respostas a estes problemas são as que ainda hoje são discutidas (mas não concretizadas...).
(...)
Vendo Lisboa, caso a caso, que zonas requerem intervenções de fundo?
GRT - A primeira coisa que se tem que fazer em Lisboa, e rapidamente, para parar esta degradação toda é cumprir a lei. É estudar com competência, e elaborar com competência, e implantar em todos os municípios, uma estrutura ecológica municipal, como diz a lei. É um primeiro passo. Em segundo lugar, é preciso limitar também as necessidades. Não pode haver necessidades, se não houver capacidade. A relação necessidade/capacidade é fundamental. Não se podem criar necessidades se não tivermos capacidade para resolver os assuntos. No entanto, é o que estamos a fazer.
(...)
Considera existir alguma relação entre o exercício da cidadania e a luta pelo Ambiente?
GRT - Não. Pergunto primeiro - o que é a cidadania? É vazia de emoção. O cidadão - ainda à moda da influência francesa - é um fulano com direitos e deveres. Escritos. Acontece o mesmo na relação com o Ambiente. Desapareceu de cena um factor extraordinário, assunto muito bem trabalhado pelo médico António Damásio, que é o problema da emoção. E esta questão, de tudo se resumir a direitos e deveres, retirou por completo o sentido emocional da solidariedade e da pátria. Só resiste num sítio...
Onde?
GRT - No futebol. As pessoas já só vibram, nacionalmente, com o futebol. É o que lhes resta...
(...)
Leia a entrevista completa aqui, vale a pena!