«Elevado custo da monitorização faz com que haja grande dificuldade em cumprir as determinações da Comissão Europeia para o estudo do rio
Uma questão suscitada por um investigador do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve durante um encontro no fim-de-semana, em Beja, sobre Protecção e Qualidade da Água de Alqueva e Pedrógão, deixou perceber que as entidades com essa competência estão com sérias dificuldades, por falta de dinheiro, em proceder a estudos como a Comissão Europeia determina sobre a erosão do estuário do Guadiana e da faixa costeira adjacente.
Quando o investigador quis saber se já existiam "estimativas ou dados concretos" sobre o volume de sedimentos retidos nas barragens de Alqueva e Pedrógão, que estarão a provocar anomalias na praia, Ana Ihéu, directora do Departamento do Ambiente e Ordenamento do Território da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas de Alqueva, argumentou que a matéria "não é" da competência da EDIA, endereçando a questão para Maria Teresa Álvares do Instituto da Água. E a resposta foi que "a monitorização dos sedimentos tem custos muito elevados e há realmente uma grande dificuldade em cumprir as obrigações que a Comissão Europeia nos coloca". Teresa Álvares disse ainda que esta dificuldade surge associada " às restrições orçamentais" impostas pelo Governo à tutela, um condicionalismo qua obriga a tomar opções com as verbas disponíveis.
A ausência de monitorização sobre o caudal dificulta a interpretação de um fenómeno que é resultado das mudanças previstas no regime de caudais, depois da entrada em funcionamento dos empreendimentos de Alqueva-Pedrógão e de Andévalo-Chança, barragem que os espanhóis ergueram, nos anos 80, junto à confluência com o Guadiana. Já em 2006, no seminário Fórum Guadiana, uma das conclusões apresentadas pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve revelava a "ausência de monitorização nas áreas da dinâmica sedimentar".
Outra das conclusões do Fórum sustentava que a ausência de caudais elevados podia transformar o estuário "num corpo hídrico poluído". Durante o Verão, em anos secos, os detritos vão-se acumulando no leito e margens. Quando o caudal tinha um regime natural, as grandes cheias limpavam a linha de água da carga poluente. Com o surgimento do sistema Alqueva/Pedrógão deixaram de se registar esses caudais e os detritos têm tendência a acumular-se e "corre-se o risco de ter um estuário com níveis de poluição que podem ter consequências nefastas", acentua-ram as conclusões do debate.
Para os investigadores, os impactes causados pela barragem do Alqueva no troço do rio a jusante da albufeira e no estuário do Guadiana, em Vila Real de Santo António, levantam sérias apreensões desde que os caudais do grande rio do Sul passaram a ser regularizados. Também o autarca de Mértola, Jorge Pulido Valente, já denunciou o progressivo assoreamento do rio que está a impossibilitar a navegação segura entre a vila alentejana e Vila Real de Santo António.»
Fonte: Público.pt
Uma questão suscitada por um investigador do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve durante um encontro no fim-de-semana, em Beja, sobre Protecção e Qualidade da Água de Alqueva e Pedrógão, deixou perceber que as entidades com essa competência estão com sérias dificuldades, por falta de dinheiro, em proceder a estudos como a Comissão Europeia determina sobre a erosão do estuário do Guadiana e da faixa costeira adjacente.
Quando o investigador quis saber se já existiam "estimativas ou dados concretos" sobre o volume de sedimentos retidos nas barragens de Alqueva e Pedrógão, que estarão a provocar anomalias na praia, Ana Ihéu, directora do Departamento do Ambiente e Ordenamento do Território da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas de Alqueva, argumentou que a matéria "não é" da competência da EDIA, endereçando a questão para Maria Teresa Álvares do Instituto da Água. E a resposta foi que "a monitorização dos sedimentos tem custos muito elevados e há realmente uma grande dificuldade em cumprir as obrigações que a Comissão Europeia nos coloca". Teresa Álvares disse ainda que esta dificuldade surge associada " às restrições orçamentais" impostas pelo Governo à tutela, um condicionalismo qua obriga a tomar opções com as verbas disponíveis.
A ausência de monitorização sobre o caudal dificulta a interpretação de um fenómeno que é resultado das mudanças previstas no regime de caudais, depois da entrada em funcionamento dos empreendimentos de Alqueva-Pedrógão e de Andévalo-Chança, barragem que os espanhóis ergueram, nos anos 80, junto à confluência com o Guadiana. Já em 2006, no seminário Fórum Guadiana, uma das conclusões apresentadas pelo Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve revelava a "ausência de monitorização nas áreas da dinâmica sedimentar".
Outra das conclusões do Fórum sustentava que a ausência de caudais elevados podia transformar o estuário "num corpo hídrico poluído". Durante o Verão, em anos secos, os detritos vão-se acumulando no leito e margens. Quando o caudal tinha um regime natural, as grandes cheias limpavam a linha de água da carga poluente. Com o surgimento do sistema Alqueva/Pedrógão deixaram de se registar esses caudais e os detritos têm tendência a acumular-se e "corre-se o risco de ter um estuário com níveis de poluição que podem ter consequências nefastas", acentua-ram as conclusões do debate.
Para os investigadores, os impactes causados pela barragem do Alqueva no troço do rio a jusante da albufeira e no estuário do Guadiana, em Vila Real de Santo António, levantam sérias apreensões desde que os caudais do grande rio do Sul passaram a ser regularizados. Também o autarca de Mértola, Jorge Pulido Valente, já denunciou o progressivo assoreamento do rio que está a impossibilitar a navegação segura entre a vila alentejana e Vila Real de Santo António.»
Fonte: Público.pt