Neste último fim de semana decorreu o Primeiro Fórum de Estudantes de Engenharia do Ambiente, que de uma maneira geral correu bastante bem. No entanto, não posso deixar de mostrar a minha indignação devido ao facto de numa das mesas redondas que para variar teve como tema "O Papel do Engenheiro do Ambiente", a discussão, voltou a não passar da cepa torta.
O balanço desta discussão foi tudo menos positivo. Estavam presentes nessa mesa representantes da Ordem dos Engenheiros dos colégios de Ambiente, Civil e Química, assim como um representante da nossa querida APEA, que tanto faz por nós. Até aqui tudo bem, uma vez que estavam reunidas as condições ideais para uma discussão aberta e com garantias de possíveis conclusões positivas. Resultado: Rien, Niente, Nada.
Mais uma vez assitiu-se a uma fuga do rabo à seringa por parte dos pretensos representantes da classe em que se limitaram a esquivar às perguntas dos estudantes quando confrontados com o crescente número de licenciaturas e licenciados em EA. As respostas dadas pelos senhores engenheiros, giraram todas à volta de desculpas que não têm responsabilidade política para impedir a criação de novos cursos ( e aconselhar junto do Ministério do Ensino Superior, não????). Também se refugiaram na pouca representatividade que possuem em relação aos licenciados (como é que alguém se há-de inscrever na Ordem ou na APEA se não se sentem representados? Para pagar quotas? Não me parece.)
Já é tempo de começar a ter em conta que a maior parte das Universidades não passam de cooperativas que tentam sobreviver à custa da criação de novos cursos e cada vez mais estudantes, não garantindo muitas vezes a qualidade das licenciaturas que ministram. Por outro lado, enquanto não for definida uma especificidade para o Engenheiro do Ambiente (e.g. Técnico de Ambiente), a diferença entre uns e outro não vai existir e vai-se continuar a assistir a um açambarcamento dos nossos empregos por pessoas pouco qualificadas.
A noção que dá perante a posição de inércia do Colégio de Ambiente, é a de que estão tão agradecidos que nos tivessem deixado entrar na Ordem, que se sentem constrangidos em levantar muita poeira. (Ou então somos nós que estamos mal habituados a reivindicar quando algo está mal...) Meus senhores, basta de dizer AMÉN ao patrões dos lobbies do betão e dos reagentes químicos e começar a tomar conta dos seus!
Por fim gostaria de falar na pouca capacidade de reivindicação dos profissionais de Ambiente, que também devem ter uma palavra a dizer sobre estes assuntos, mas pouco ou nada se vê. Quando se fala tanto nas características de banda larga do nosso curso, parece que deixámos a nossa costela reivindicativa, tão própria dos biólogos, para um plano secundário com receio de ser confundidos como "verdinhos" ou "amantes dos passarinhos". Quer neste tema ou noutro qualquer relacionado com política do ambiente, deveria haver uma voz activa que deveria ser chamada para ser ouvida antes de qualquer tomada de decisão. Porque não constituir um Conselho de Ambiente que dissesse de sua justiça mesmo quando não consultado? Este Blog é um importante passo nesse caminho, disso não tenho quaisquer dúvidas.
Saudações Ambientalistas