Já tenho vergonha de não participar há tanto tempo no blog, peço desculpa pela ausência! Ora bem li hoje uma notícia que me fez surgir algumas considerações. A notícia dá conta do receio do responsável português pelas relações luso-espanholas no domínio da água (Pedro Serra), relativamente à vitória do PSOE nas legislativas espanholas.
Segundo o mesmo "O PSOE não escondeu preferências por um transvase feito a partir do Douro, o que estava afastado no Plano Hidrológico Espanhol". Ora segundo a notícia e segundo o senso comum, os transvases feitos a partir de rios como o Tejo e o Douro retirarão caudais aos troços portugueses desses rios internacionais e podem trazer problemas de escassez de água e pôr em causa a sobrevivência ecológica daqueles rios.
Se pensarmos que desde 2000 que o Governo espanhol assumiu o compromisso de que o seu Plano Hidrológico não violaria o acordo feito com Portugal de garantir os caudais de água definidos na convenção sobre rios ibéricos, é inevitável pensarmos agora: então o trabalho feito, as reuniões, os esforços, os compromissos foram para quê?
E se pensarmos bem há muitos casos de recuos em posições e compromissos ao nível ambiental (a posição dos EUA em relação a Quioto, a co-incineração em Portugal). Então, se as decisões são tomadas apoiadas em factos e resultados científicos, porque é que se verificam estes recuos de ordem política? Essas situações para mim são incompreensíveis e o caso da co-incineração foi escandaloso, formou-se uma comissão científica independente que trabalhou para obter resultados e quando o governo mudou, como os resultados não convinham, simplesmente extinguiu-se a comissão.
Isto é tratar mal, e menosprezar a comunidade científica portuguesa e só contribui para que cada vez mais cientistas queiram sair (fugir se calhar é o termo mais correcto) do nosso país. Será que a solução passa pela criação de uma entidade internacional reguladora destas questões? Uma polícia ambiental internacional? Quem é que nos garante que daqui a uns anos, por razões políticas, não vão existir recuos graves em termos de medidas ambientais, como se verifica actualmente na área social por exemplo?
Há notícias que nos deixam mesmo tristes com o mundo em que vivemos...