Num dia em que se ficaram a saber algumas medidas de poupança de água no Algarve, como por exemplo o encerramento de várias piscinas municipais, apresento-vos uma notícia que me deixou estupefacto, apenas do dia anterior (quinta-feira, dia 21)
O primeiro dos cinco lagos do futuro campo de golfe das Sesmarias, em Vila Nova de Cacela, está a ser cheio com água potável proveniente das barragens do sistema Odeleite-Beliche.
O alerta foi dado pela associação Altela – Fórum de Cidadania, que disse ao jornal Barlavento (de onde retirámos esta notícia) que a situação já se arrasta há, pelo menos, três semanas. Isto numa altura em que todas as entidades apelam à poupança e que se fala na necessidade de reduzir os consumos.
As ligações do campo de golfe ao sistema de rega do Sotavento algarvio foram feitas ao longo da estrada municipal 509, que liga as localidades de Corte António Martins e Vila Nova de Cacela. A obra condicionou, durante algumas semanas, a circulação naquela via e foi autorizada pela Câmara Municipal.
Um dos lagos já cheios, que agora contrasta com o castanho árido dos terrenos circundantes, tem, segundo os responsáveis da Altela, mais de cem metros de comprimento e, pelo menos, três metros de profundidade – o que crêem corresponder a vários milhares de metros cúbicos de água (basta ter 20 metros de largura para equivaler a 6 000 m3).
Da estrada municipal 509, são também já visíveis os trabalhos de construção das próximas represas de água e as terraplanagens associadas à construção do golfe propriamente dito.
No Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental, datado de Outubro de 2001 (disponível no site do Instituto do Ambiente), pode ler-se que «o método de irrigação seria constituído por seis tanques de armazenamento, correspondendo a origem do sistema ao lago localizado a Sul do campo de golfe». Em Setembro de 2002, e já depois da fase de consulta pública, a avaliação de impacte ambiental daquele campo de golfe recebeu um parecer desfavorável.
Também no relatório não técnico era apontado que, «para esse lago, seria bombeada a água proveniente do sistema de rega das Águas do Algarve e recepcionada a água proveniente das drenagens do campo».
Era também contemplado que a água para irrigação tivesse «origem em fonte de água superficial, associada ao sistema de rega do Sotavento algarvio, infra-estrutura ainda sub-utilizada, o que reduziria as pressões sobre o consumo deste importante recurso e, pelo contrário, contribuiria para a viabilização de um investimento público já realizado».
Associada à construção do projecto, previa-se a eventual construção de uma barragem de terra no rio Seco e respectiva obra de adução. Em 2001, a construção deste projecto não se encontrava, contudo, ainda calendarizada.
Obviamente que já certo é que além deste campo de golfe, o plano definido para as Sesmarias contempla um projecto urbanístico com cerca de 5500 camas, distribuído ao longo de 800 hectares de terreno. Na proposta, não está excluída a construção de mais dois campos de golfe e de um conjunto de zonas de comércio e serviços.
Toda esta notícia me deixa particularmente irritado num altura em que todos os “habitantes” (com aspas porque muitos deles estão cá de passagem) do Algarve são aconselhados a evitar tomar banho ou fazer consumos avultados como rega de jardins ou lavagem de automóveis durante o período das 18 às 21 horas.
Aqui podem ler a notícia completa.
Notícias relacionadas, também do jornal Barlavento:
Golfe tem associado projecto imobiliário com 5500 camas
Rega do Sotavento sujeita a cortes de água semanais
Stop aos campos de golfe, pede a Almargem
Aconselho-vos vivamente a leitura deste artigo de opinião sobre o assunto.
Aqui fala-se de curiosidades, política, experiências, e outros temas, desde que tenham a ver com Ambiente.
12 julho, 2005
Seminário: Utilização Sustentável da Água no Sul de Portugal
No próximo dia 15 de Julho, às 9h, no Auditório da Escola Secundária José Belchior Viegas, em S. Brás de Alportel, realizar-se-á o Seminário "Utilização Sustentável da Água no Sul de Portugal", no âmbito do projecto SurIberia, desenvolvido em parceria pela ADPM, LPN e ERENA e apoiado pelo WWF (World Wild Fund).
Este evento pretende criar um espaço de reflexão e debate sobre o futuro da água em zonas mediterrânicas, nomeadamente no Sul de Portugal. Numa região onde as situações de escassez de água são frequentes, é fundamental encontrar soluções para uma futura utilização mais sustentável deste recurso.
Participe!
Este evento pretende criar um espaço de reflexão e debate sobre o futuro da água em zonas mediterrânicas, nomeadamente no Sul de Portugal. Numa região onde as situações de escassez de água são frequentes, é fundamental encontrar soluções para uma futura utilização mais sustentável deste recurso.
Participe!
11 julho, 2005
Seca severa ou extrema em 97% de Portugal Continental
Segundo os últimos dados avançados pelo Instituto da Água, no último dia de Junho, 64 por cento do território continental estava em situação de seca "extrema", 33 por cento em situação de seca "severa".
No total, 97 por cento do território continental português sofre os efeitos da seca, uma situação que tem tendência para piorar e que já afecta os recursos hídricos disponíveis.
Os valores da água infiltrada no solo são muito inferiores à média para esta época do ano. O volume de água armazenado nas albufeiras está abaixo de metade da capacidade total. A situação é mais grave nas bacias hidrográficas dos rios Cávado, Ave e Tejo e no Barlavento algarvio.
O Tejo pode, de resto, impossibilitar Portugal de cumprir o regime de caudais previstos na convenção luso-espanhola, que regula a gestão dos rios ibéricos.
Para combater os efeitos da seca, 39 municípios estão a recorrer a autotanques para abastecimento de água. As falhas no fornecimento afectam já mais de 22 mil habitantes.
Quinze localidades estão, além disso, em contenção de consumos, através da redução dos períodos de abastecimento.
Um dos sectores mais afectados é a agricultura. Há quebras significativas na produção de cereais em todas as regiões, mas mais acentuadas no Alentejo. Nesta região do país, a produção de arroz caiu para metade.
No total, 97 por cento do território continental português sofre os efeitos da seca, uma situação que tem tendência para piorar e que já afecta os recursos hídricos disponíveis.
Os valores da água infiltrada no solo são muito inferiores à média para esta época do ano. O volume de água armazenado nas albufeiras está abaixo de metade da capacidade total. A situação é mais grave nas bacias hidrográficas dos rios Cávado, Ave e Tejo e no Barlavento algarvio.
O Tejo pode, de resto, impossibilitar Portugal de cumprir o regime de caudais previstos na convenção luso-espanhola, que regula a gestão dos rios ibéricos.
Para combater os efeitos da seca, 39 municípios estão a recorrer a autotanques para abastecimento de água. As falhas no fornecimento afectam já mais de 22 mil habitantes.
Quinze localidades estão, além disso, em contenção de consumos, através da redução dos períodos de abastecimento.
Um dos sectores mais afectados é a agricultura. Há quebras significativas na produção de cereais em todas as regiões, mas mais acentuadas no Alentejo. Nesta região do país, a produção de arroz caiu para metade.
04 julho, 2005
AGENEAL promove workshop sobre energia e edifícios
A AGENEAL, Agência Municipal de Energia de Almada, em colaboração com a Câmara Municipal de Almada (CMA) e a ADENE, Agência para a Energia, vai realizar, no dia 8 de Julho de 2005, um workshop subordinado ao tema "Os Aspectos Energéticos na Concepção de Edifícios". Este vai decorrer na Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia (Praça da Liberdade), em Almada, a partir das 9h30m.
De acordo com os dados do Inventário das Emissões de Gases com Efeito de Estufa no Município de Almada, os edifícios (sector residencial e dos serviços) representam 30% do consumo total de energia e 34% das emissões de gases com efeito de estufa no concelho de Almada.
A redução dos consumos de energia dos edifícios passa, em primeiro lugar, pela sua adequada concepção, de acordo com orientações bem definidas, que assegurem o cumprimento da regulamentação térmica em vigor.
A verificação dos projectos de comportamento térmico de edifícios submetidos a licenciamento na CMA é uma das acções que a AGENEAL desenvolve, cujos resultados serão apresentados neste evento.
Serão ainda abordados temas como a metodologia utilizada para a elaboração do Regulamento Urbanístico de Almada, as soluções arquitectónicas e construtivas com influência no desempenho energético dos edifícios, os aspectos a considerar na concepção de sistemas solares para aquecimento de água, a Certificação Energética de Edifícios e os Novos Regulamentos Térmicos de Edifícios.
Obtenha aqui o Programa detalhado e Ficha de Inscrição (Pdf 99 Kb)
A data limite de inscrições é 6 de Julho, participe!
Ligações Relacionadas:
De acordo com os dados do Inventário das Emissões de Gases com Efeito de Estufa no Município de Almada, os edifícios (sector residencial e dos serviços) representam 30% do consumo total de energia e 34% das emissões de gases com efeito de estufa no concelho de Almada.
A redução dos consumos de energia dos edifícios passa, em primeiro lugar, pela sua adequada concepção, de acordo com orientações bem definidas, que assegurem o cumprimento da regulamentação térmica em vigor.
A verificação dos projectos de comportamento térmico de edifícios submetidos a licenciamento na CMA é uma das acções que a AGENEAL desenvolve, cujos resultados serão apresentados neste evento.
Serão ainda abordados temas como a metodologia utilizada para a elaboração do Regulamento Urbanístico de Almada, as soluções arquitectónicas e construtivas com influência no desempenho energético dos edifícios, os aspectos a considerar na concepção de sistemas solares para aquecimento de água, a Certificação Energética de Edifícios e os Novos Regulamentos Térmicos de Edifícios.
Obtenha aqui o Programa detalhado e Ficha de Inscrição (Pdf 99 Kb)
A data limite de inscrições é 6 de Julho, participe!
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02 julho, 2005
Investigadores dizem que "El Niño" pode tornar-se permanente
Se o aquecimento global se mantiver, o fenómeno climático “El Niño” pode tornar-se constante, refere uma equipa de investigadores, que se baseou num estudo do Plioceno, o último período de aquecimento global da Terra, quando se uniram os continentes da América do Sul e da América do Norte e se formou a camada de gelo do Árctico.
Durante o Plioceno, no Pacífico tropical ocorreram permanentemente fenómenos climáticos responsáveis por precipitações constantes e secas idênticas às do "El Niño", dizem os cientistas da Universidade da Califórnia.
De acordo com o estudo, o oceano Pacífico é um factor chave no clima mundial, tendo a temperatura média das suas águas aumentado 0,8 graus centígrados, provavelmente devido à concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera.
Actualmente as temperaturas normais no Pacífico tropical mostram uma forte variação entre as temperaturas frias do Pacífico oriental, frente às costas da América do Sul, e as temperaturas mais quentes no oeste, onde os ventos alísios aquecem as águas superficiais.
Segundo Christina Ravelo, docente de Ciências Oceânicas na Universidade da Califórnia, "parece que no Plioceno houve um "El Niño" permanente”. O estudo foi publicado na revista Science.
Fonte: cienciapt.net
Durante o Plioceno, no Pacífico tropical ocorreram permanentemente fenómenos climáticos responsáveis por precipitações constantes e secas idênticas às do "El Niño", dizem os cientistas da Universidade da Califórnia.
De acordo com o estudo, o oceano Pacífico é um factor chave no clima mundial, tendo a temperatura média das suas águas aumentado 0,8 graus centígrados, provavelmente devido à concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera.
Actualmente as temperaturas normais no Pacífico tropical mostram uma forte variação entre as temperaturas frias do Pacífico oriental, frente às costas da América do Sul, e as temperaturas mais quentes no oeste, onde os ventos alísios aquecem as águas superficiais.
Segundo Christina Ravelo, docente de Ciências Oceânicas na Universidade da Califórnia, "parece que no Plioceno houve um "El Niño" permanente”. O estudo foi publicado na revista Science.
Fonte: cienciapt.net
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