29 março, 2006

Portugal propõe classificação de três fontes hidrotermais



"Portugal vai propor até ao final do ano a criação de três novas reservas marinhas para abranger fontes hidrotermais no arquipélago dos Açores, foi hoje anunciado na COP 8 (Conferência das Partes) da Convenção para a Diversidade Biológica que está a decorrer em Curitiba, no Brasil, até sexta-feira.

Em causa está uma espécie de géisers submarinos que, devido à libertação dos gases, tornam aquelas zonas muito quentes e peculiares em termos dos valores naturais.

Duas destas fontes localizam-se na Zona Económica Exclusiva portuguesa e uma terceira já fora desta área, embora Portugal "tenha ainda alguma jurisdição", explicou o presidente do Instituto de Conservação na Natureza (ICN), João Menezes.

A proposta vai ser submetida à Ospar (Convenção para a Protecção do Meio Marítimo do Atlântico Nordeste), que tem como missões prevenir e combater a poluição e proteger a zona marítima contra os efeitos prejudiciais de actividades humanas.

"O que competirá ao Estado português é a gestão dessas áreas", adiantou o presidente do ICN.

João Menezes disse ainda que Portugal pode ter muito a ganhar com o conhecimento das espécies que se desenvolvem nestes locais.

"Existem microorganismos que sobrevivem nestes sítios, com temperaturas superiores a cem graus centígrados. Portugal tem todo o interesse em ficar na posse de conhecimentos sobre estes recursos únicos".

O acesso e partilha dos benefícios naturais tem sido, aliás, uma questão central na COP 8.

"Muito do que está a ser discutido tem a ver com a integração da biodiversidade nos aspectos económicos e sociais. Há interesse em aumentar a participação das comunidades locais para que os benefícios dos valores naturais revertam também a seu favor", disse João Menezes.

O responsável do ICN salientou que dever-se-á caminhar no sentido da criação de um "mercado da biodiversidade", com a atribuição de valor económico aos valores naturais.

"A ideia é haver um levantamento do que vale a biodiversidade para que esta componente possa funcionar numa lógica de mercado, à semelhança do que aconteceu com o carbono: os que beneficiam da biodiversidade poderiam desfrutar de mais valias e os que prejudicam seriam penalizados", explicou. (in Publico)"