27 fevereiro, 2006

Governo avança com co-incineração esta semana

CimenteiraA Co-incineração é a queima de resíduos perigosos em fábricas concebidas para outras funções, nomeadamente as cimenteiras, que substituem parte do combustível utilizado no fabrico de cimento pelos resíduos queimados a altas temperaturas depois de tratados.

O governo vai relançar esta sexta-feira a Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos (RIP) em cimenteiras, apoiando-se no relatório da Comissão Científica Independente (CCI) criada para analisar o processo.

Nunes Correia revelou que o relatório pedido à CCI aponta o processo de queima de resíduos industriais perigosos em cimenteiras como «o melhor método» e que «qualquer cimenteira do país está em condições de a fazer».

Está previsto que o governo apresente ainda as datas para o início do processo. «A exportação de resíduos, 95 por cento dos quais perigosos, custou 13 milhões de euros a Portugal em 2004», revela o DE, acrescentando que Portugal exporta actualmente cerca de 50 por cento da sua produção anual de RIP e que Espanha é o principal destino destas exportações nacionais.

A queima de RIP em cimenteiras foi uma iniciativa de José Sócrates em 1997, enquanto ministro do Ambiente do governo de António Guterres. Em 1998, a sua sucessora na pasta, Elisa Ferreira, anunciou como locais preferenciais para o processo Souselas e Maceira (Leiria), sofrendo a contestação das populações locais.

A CCI, criada pelo governo socialista perante estes protestos e cujo parecer é vinculativo, aprovou o processo em 2000, e Sócrates garantiu então que o processo iria avançar, apesar de Manuel Alegre e três outros deputados socialista de Coimbra terem votado contra o processo na Assembleia da República.

A Co-incineração foi suspensa pelo Governo social-democrata de Durão Barroso em 2002 e retomada no programa do actual governo liderado por Sócrates, onde se lê que «Portugal continua a precisar de dois aterros para RIP e de assegurar a eliminação, por incineração, da fracção restante de RIP que não tiverem melhor alternativa de tratamento».

Fonte: PortugalDiário