15 março, 2004

Energia Solar descentralizada: O Sol nasce para todos

Este artigo merce leitura muito aprofundada e ampla divulgação. Já chega impingir-nos incineradoras, mais barragens e mini-hídricas, quando temos uma fonte de energia renovável abundante, segura e muito prática na instalação e conservação.Estou a falar da energia solar fotovoltaica.

Lisboa, 5 de Março de 2004

A energia solar fotovoltaica tem um enorme potencial de crescimento a longo
prazo devido à sua flexibilidade e adaptação a estruturas urbanas
existentes.

Hoje, os custos de investimento ainda são elevados necessitando de avultados
apoios financeiros ao investimento inicial.

Actualmente, segundo a legislação em vigor, o investimento é rentável a um
prazo de dez anos, para um tempo de vida útil, previsto, de 30 anos. Para
isso, é decisivo o incentivo ao investimento que pode atingir 300 mil Euros
a fundo perdido com o máximo de 40% do valor do investimento no âmbito do
PRIME/MAPE. Durante o tempo de vida da instalação, as condições de venda de
electricidade à rede eléctrica são da ordem de 30 centavos de Euro por cada
quiloWatthora, cerca de três vezes o seu preço de aquisição nas nossas
casas.

Portugal é um dos países da Europa com maior disponibilidade de energia
solar por todo o território, com um potencial de produção de cerca de 1/3 da
electricidade por via solar, utilizando apenas uma parte das coberturas
existentes nas áreas urbanas. A energia solar deverá ser aproveitada também
para produção de electricidade mais limpa, o mais amplamente possível e o
mais próximo possível do consumidor, pelos seguintes motivos:

1. A aposta na Energia solar fotovoltaica coloca Portugal
na linha da frente do desenvolvimento das novas tecnologias energéticas
modernizando a nossa economia e tornando-a apta para desafios cada vez mais
exigentes;

2. Os incentivos à instalação de sistemas de energia solar
fotovoltaica devem ser o motor para disseminar, o mais amplamente possível,
as enormes potencialidades da energia solar fotovoltaica, demonstrando a sua
simplicidade, integração estética em estruturas urbanas existentes sem
afectar novos espaços;

3. Os incentivos devem dar preferência a instalações
solares fotovoltaicas em locais com ampla visibilidade, como edifícios com
grande afluência de público, infra-estruturas de transporte e edifícios
escolares, porque os alunos de hoje são os decisores de amanhã, sendo a sua
sensibilização de extrema importância para que Portugal caminhe na via do
desenvolvimento sustentável;

4. A Resolução RCM nº 63/2003, de Abril, do Conselho de
Ministros, prevê a instalação de 150 MW de energia solar fotovoltaica até ao
ano 2010, ajudando Portugal a cumprir a Directiva Europeia sobre energia
renovável (2001/77/CE). A fim de permitir a ampla divulgação e disseminação
por todo o Portugal, o financiamento público, na dupla forma de investimento
e de prémio à venda de electricidade, deve ser limitado a projectos com a
potência até 1 MW por ponto de entrega à rede. Esta potência corresponde à
área de um campo de futebol e trata-se de uma dimensão adequada para uma
urbanização.

5. Actualmente, o valor óptimo do incentivo é atingido com
potências até 250 kW. O ideal seria dotar as escolas com sistemas solares
com potências individuais até 20 kW (cerca de 200m2 por escola) utilizando
coberturas entre edifícios ou coberturas de parques de estacionamento;

6. O governo deve, também, incluir a Região de Lisboa e
Vale do Tejo no financiamento do Programa PRIME/MAPE ou num programa ad-hoc,
utilizando, para o efeito, as verbas entretanto já recebidas e a receber dos
empréstimos reembolsáveis.

Assim, o GEOTA considera que os actuais incentivos são suficientes para a
dinamização da energia solar fotovoltaica, necessitando de ampla divulgação,
papel que compete ao Estado e a entidades da sociedade civil que deverão
ser, devidamente, apoiadas para o efeito.

Em Portugal há a tecnologia e capacidade fabril instalada para a produção de
sistemas de energia solar fotovoltaica de forma a cumprir as metas propostas
na RCM 63/03.

A energia solar fotovoltaica consiste na produção de electricidade
directamente do sol utilizando dispositivos de silício similares aos
utilizados em computadores.

O silício é um material muito abundante, sendo o principal constituinte do
granito e das areias da praia, que os portugueses tanto gostam de pisar para
aproveitar o sol.

Fonte: GEOTA